domingo, 7 de junho de 2009

Homofobia, violência e direitos humanos


IDENTIDADE DE GÊNERO

Por Cínthia Antunes


O fórum realizado pela UFMG, dia 27 de maio, abordou o tema Homofobia, Violência e direitos humanos (ao lado, imagem da Parada de Contagem 2009, um dos eventos dos Nuh - Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania). O tema não é novo, mas toma uma proporção maior diante da violência e intolerância crescente. O jornal O Tempo publicou no sábado, 30 de maio, uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo (FPA), segundo a qual 11% dos homossexuais no estado de Minas Gerais afirmam que sofreram discriminação policial ou outro tipo de discriminação institucionalizada. Setenta por cento dos entrevistados afirmam que a homofobia deve ser resolvida pelos próprios homossexuais e 7% dos gays afirmam que já foram agredidos fisicamente por serem homossexuais.

Para o professor da UFMG, Marco Aurélio Prado, doutor em Psicologia Social pela PUC de São Paulo e pesquisador dos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais), levantar apenas a bandeira em defesa dos homossexuais não basta, é preciso entender o porquê da homofobia. Segundo ele “é importante estudar o que sustenta a homofobia”. Sua origem, pode estar no fato da sociedade sofrer uma forte inibição da sexualidade e do corpo e, talvez, por isso, os homossexuais sejam tão discriminados.

Marco Aurélio ressalta que uma pesquisa não deve ser neutra, ela deve ter uma posição sobre o tema que está pesquisando. Ele cita o sociólogo e pesquisador Pierre Bourdieu, que afirma que essa violência é uma forma de poder. Marco Aurélio afirma que quando uma mulher se cala quando um homem a agride, ela está reafirmando o poder dele; quando um negro se cala diante do racismo, ele está reafirmando o poder do branco e quando um homossexual se cala diante da homofobia, está reafirmando o poder do heterossexual. Para ele, os grupos de minorias como negros, mulheres, gays e lésbicas deveriam se unir como forma de solidariedade e para levantarem sua voz.

Há ainda, de acordo com Marco Aurélio, pesquisas financiadas que chegam a ser absurdas, afirmando que a homossexualidade é uma possessão do demônio.

Segundo o pesquisador, muitas vezes o olhar e as palavras das pessoas excluem e matam os homossexuais. As pessoas quando vêem um gay apontam para ele e outras até escondem as crianças para que não o vejam. Marco Aurélio também diz que é como se a sigla LGBT contaminasse as pessoas, como um vírus.

Para Marco Aurélio, outra forma de discriminação é a atenção com a saúde. A sociedade vem discutindo a saúde dos gays, mas as questões que envolvem a saúde das lésbicas não foram reconhecidas e é importante que haja preocupação com a saúde delas. Ele também afirma que as lésbicas são vistas como perigosas, por revelarem outras formas de prazer sexual para as mulheres.

O professor encerrou a palestra falando sobre as leis. Ele diz que as leis existentes são insuficientes para resolver o problema da homofobia. No Brasil, apenas pequenos pontos de violência contra os homossexuais, casos isolados, são reconhecidos. Por exemplo, apesar de existirem leis para que médicos e psicólogos não digam que a homossexualidade é uma doença, essas leis não são seguidas por todos os profissionais de saúde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Esgota-se o texto, mas não a informação, que é perene como um rio após a cheia" (Anônimo)

Sua opinião é fundamental para nós! Deixe seu recado.